Embora tenha sido iniciada nos idos de 2008 pela Coreia do Sul, e seguida nos anos posteriores por países europeus, a implantação no Brasil da tecnologia de comunicação móvel 5G (quinta geração de internet móvel ou de sistema sem fio) ainda caminha lentamente em comparação com outros países latino-americanos, apesar de estarmos às portas de 2020. E por vários motivos, conforme constatam reportagens publicadas em semanas recentes sobre o tema.
Enquanto o Uruguai já iniciou testes comerciais de 5G em abril, disponibilizando a rede para consumidores, e o México está dois anos à frente de nós em termos de evolução, no Brasil ainda há barreiras, como, por exemplo, a dificuldade de liberação de instalação de mais antenas, segundo avalia reportagem da agência Reuters. E o uso de 5G demanda cinco vezes mais antenas.
Além disso, a Anatel constatou que o sinal de 5G interfere diretamente no sinal de TV aberta captado por antenas parabólicas, hoje utilizadas em 22 milhões de domicílios, informa o site Tecmundo. Embora as parabólicas instaladas no ambiente rural (cerca de 60% delas) possam utilizar outras frequências 5G que não interfiram na banda C, as antenas urbanas vão requerer adaptações para superar o problema, como, por exemplo, instalar filtros que teriam custo total de 460 milhões de reais, o que levaria pelo menos três anos para ser feito. Isso encarecerá o preço do sistema, o que pode prejudicar o acesso à TV pelas faixas de baixa renda.
Não por acaso, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) já admite adiar o leilão do espectro 5G, inicialmente previsto para março de 2020, mas que, em função desses problemas, pode ficar para o segundo semestre. Além da questão das parabólicas, o Ministério constata que algumas operadoras, em função de suas condições financeiras e estratégias comerciais, prefeririam o adiamento do leilão para melhor se adaptar.
Além disso, a experiência com 5G em países mais avançados ainda apresenta falhas de cobertura, com a rede frequentemente caindo para 4G, mesmo estando em frente de uma antena, o que desmotiva operadoras brasileiras a acelerarem o processo de sua instalação. Lentidão, porém, não tem bons antecedentes em nossa história: nos anos 1980, por causa de uma suposta defesa da indústria de computação nacional que restringia importações nessa área, atrasamos em décadas nossa evolução digital. O que pode se repetir com a vacilação 5G.
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Crédito da imagem: mohamed_hassan by Pixabay
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