
Lixo vem da palavra latina lix, que significa cinza (vinculada às cinzas dos fogões). Pois é, começou numa simples cozinha, mas hoje cerca de 2 bilhões de toneladas de lixo são produzidas anualmente em todo o planeta. Toneladas que não só geram impactos ambientais negativos nos centros urbanos (contaminação de corpos d'água, assoreamento, enchentes, proliferação de vetores transmissores de doenças, poluição visual, mau cheiro e contaminação, entre outros), como também boiam pelos oceanos de todo o planeta, produzindo 8,8 milhões de toneladas anuais de lixo. Um desastre ambiental que ameaça o maior ecossistema do mundo, responsável por fornecer oxigênio e absorver CO2.
Estudo da Universidade de Cádiz, na Espanha, revela que 80% dos resíduos encontrados nos mares contêm plástico, sendo quatro deles responsáveis por 44% de todo o lixo: sacolas plásticas (14%), garrafas pet (12%) e embalagens e talheres (9% cada). Os autores consideram “chocante” constatar que quase metade desse lixo é gerada pelo descarte de objetos com degradação extremamente lenta, que não deveriam ser jogados ao mar e sim em um aterro sanitário. Consequência: o desequilíbrio ecológico decompõe os resíduos em partículas que contaminam a cadeia alimentar dos peixes e dos animais marinhos, ameaçando até o organismo das pessoas.
Outro estudo, da ONG Pew Charitable Trusts e da SYSTEMIQ Ltd., emite um alerta: até o ano 2040 a quantidade de lixo plástico jogada nos oceanos pode triplicar, atingindo 29 milhões de toneladas métricas. É a consequência do fracasso mundial em tentar reduzir essa poluição, que só será possível quando a indústria mundial de plástico virar uma economia cíclica de reuso e reciclagem. Mas o próprio estudo admite não ver essa transformação num horizonte próximo.
Cidades e residências, mesmo problema
No Brasil, desde 2010 vigora a lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que determina a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, que devem ir para aterros sanitários e não para lixões. Funcionou? Segundo o estudo do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, a produção de lixo subiu de 66,7 milhões de toneladas em 2010 para 79,1 milhões em 2019, uma diferença de 12,4 milhões de toneladas. E prevê que até 2030 atinjam 100 milhões de toneladas/ano. Ou seja, não (previa-se que os lixões seriam extintos até 2014...).
Cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano (mais de 1 kg por dia), acrescenta o estudo, mas um em cada 12 deles não tem acesso à coleta regular. E mais de 3 mil municípios ainda utilizam os insalubres lixões, onde são despejados 40,5% de todo o lixo coletado no país, afetando a saúde das pessoas e causando danos ao meio ambiente. Apenas 25% de todas as cidades possuem coleta seletiva.
No caso das residências, quando se deixa de fazer a coleta de lixo durante alguns dias, acumulando-o nas ruas, a culpa costuma ser atribuída à prefeitura. Mas os moradores também poderiam contribuir, adotando o consumo consciente como uma das alternativas para reduzir a produção de lixo, por meio da conhecida Política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
A coleta seletiva oferece materiais recicláveis aos catadores (gerando muitos empregos), sendo fundamental para diminuir os impactos ambientais causados pelo lixo. E os processos de reutilização física, química ou biológica transformam um produto antes apenas descartável em uma matéria-prima reaproveitável.
Em resumo, os desafios sobre o futuro do lixo vão do amplo (oceanos) ao específico (casas), todos necessitando de ações coordenadas entre poder público, entidades e cidadãos. Afinal, é o futuro do planeta que está em jogo. Portanto, mãos à obra.
Nota: Conheça e participe da ação cívica do Dia Mundial da Limpeza em 18 de setembro
Imagem: Rilsonav by Pixabay
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